Fiscalização de vereadores na UPA repercute na Câmara

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Fiscalização de vereadores na UPA repercute na Câmara

Foto: Anselmo Cunha (Especial)

O episódio envolvendo quatro vereadores, que foram à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24h fiscalizar o trabalho dos profissionais de saúde no último domingo seguiu repercutindo nas redes sociais, na tribuna do Legislativo e na cidade. Na tarde de quarta, a direção da Associação Franciscana de Assistência a Saúde (Sefas) – que está na administração da UPA há nove anos – emitiu uma nota assinada pela Irmã Acélia Schwengber, presidente da associação, repudiando a ação dos parlamentares.

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“O que não podemos concordar é chegar de forma intempestiva no local de trabalho fazendo exigências e acusações, abordando equipe de trabalho e pacientes em atendimento de forma midiática”, diz um trecho do texto. Na sessão plenária de terça-feira, Werner Rempel (PCdoB) criticou a conduta dos colegas do Legislativo. Após denúncias de irregularidades, no domingo, os vereadores Rudys Rodrigues (MDB), Tony Oliveira (PSL), Pablo Pacheco e Roberta Leitão, ambos do PP, foram à UPA no intuito de fiscalizar os atendimentos no local, fazendo vídeos e lives.

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A visita culminou com os parlamentares acionando a Brigada Militar (BM) e com a direção registrando um boletim de ocorrência contra os mesmos, “por perturbação do trabalho e sossego alheio”, já que os vereadores “acabaram por constranger a equipe médica e de enfermagem.” Os vereadores acionaram o Ministério Público (MP) na segunda-feira. Na noite de quarta, o promotor Joel Dutra informou ao Diário que já tem conhecimento do ocorrido, mas que buscará mais informações sobre as circunstâncias do fato.

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Confira a nota da Sefas na íntegra:“A direção da Associação Franciscana de Assistência a Saúde (Sefas) vem a público se manifestar em relação a fatos recorrentes que estão envolvendo a Unidade de Pronto-Atendimento 24h (UPA), que funciona em prédio anexo ao Hospital Casa de Saúde, unidades que atendem 100% SUS e são geridas pela instituição religiosa.A Sefas está na administração da UPA há nove anos, por meio de um convênio firmado com a Prefeitura Municipal de Santa Maria, e vem desenvolvendo um trabalho incansável alinhado com o propósito da instituição de promover o cuidado e a atenção ao paciente.Desde o começo do ano passado, a Sefas aceitou o desafio de transformar a UPA em uma unidade de referência para atendimento de casos de Covid na cidade, entendendo seu papel e missão relevantes em tempos de pandemia em prol do sistema público de saúde.Desde então, constantemente, buscamos adequar nossos fluxos de trabalho, ampliando e readequando a estrutura física do local, reforçando equipes e obedecendo a protocolos de segurança para o bem-estar dos pacientes e dos colaboradores. A demanda, como é de domínio público, tem aumentado de forma geométrica assim como a gravidade de casos de Covid que chegam à UPA, principalmente nos últimos dois meses.Todo o paciente que busca o serviço de Saúde é atendido, triado conforme protocolo internacional e seguindo as diretrizes de uma UPA, considerando que somos porta aberta. Ele é atendido e os casos que necessitam de internação clínica ou de UTI são colocados no sistema, chamado Gerint, para serem encaminhados aos hospitais referenciados na rede SUS em até 24 horas. Porém, em tempos de pandemia, com lotação máxima ocupada, até acima da capacidade e diante de uma realidade de falta de vagas nos hospitais, muitos pacientes acabam ficando na UPA que deveria ser um local de passagem e acaba sendo utilizada de forma permanente por pacientes em gravidade que extrapola a capacidade técnica.Entre as medidas adotadas para melhorar o fluxo foi disponibilizada uma estrutura de apoio por parte da Secretaria Municipal de Saúde. A tenda montada do lado de fora da Upa é um espaço, como anunciado desde o início, que funciona como uma pré-triagem somente para casos não Covid. No local, devem ficar pacientes clínicos de outras enfermidades à espera de atendimento, justamente para evitar o contato com pacientes com síndrome respiratória que aguardam atendimento dentro da unidade. Enaltecer o trabalho em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde.Sobre o fato que resultou em registro de ocorrência policial por perturbação do trabalho no último domingo, dia 11 de abril, envolvendo vereadores, restam alguns esclarecimentos. Informamos que tudo está registrado em nossas câmeras de monitoramento, além das lives que foram veiculadas nas redes sociais dos parlamentares.A direção da UPA e Casa de Saúde informa que no domingo, dia 11 de abril, haviam quatro médicos trabalhando na unidade, sendo que a escala geralmente prevê seis médicos. Porém, dois médicos comunicaram sintomas respiratórios e não compareceram no domingo. Além da equipe médica, estavam trabalhando no local, quatro enfermeiros e nove técnicos em enfermagem.Sobre a questão de não ter pacientes na tenda, ressaltamos que não haviam pacientes, porque os casos que chegaram à UPA no último domingo eram de síndrome respiratória e estavam em atendimento interno.Os vereadores questionaram a conduta médica e ficaram em local inadequado, em área contaminada, correndo risco e causando constrangimentos, atrapalhando e colocando em risco eles mesmos, pacientes e a equipe que trabalhava no último domingo.Reiteramos que respeitamos profundamente o trabalho e a função dos vereadores, mas não podemos ser omissos e não externar nosso descontentamento com a abordagem do último domingo e de alguns fatos pontuais anteriores.A UPA é um espaço sério de trabalho, com equipe comprometida e dedicada que está trabalhando no limite de sua capacidade física e mental para prestar o melhor atendimento mesmo diante de um cenário cada vez mais hostil e complexo.Relacionamo-nos e somos acionados constantemente para prestar informações a diferentes órgãos e instâncias representativas de nossa sociedade. Nossa equipe diretiva tem, historicamente, estado disponível de forma permanente para quaisquer esclarecimentos a respeito de atendimentos ou qualquer outro tipo de reclamação tanto para pacientes, familiares, instituições e órgãos fiscalizadores, entre outros. Possuímos uma estrutura de ouvidoria e também temos diversos interlocutores disponíveis para esclarecimentos durante 24h.O que não podemos concordar é chegar de forma intempestiva no local de trabalho fazendo exigências e acusações, abordando equipe de trabalho e pacientes em atendimento de forma midiática. A direção da UPA segue comprometida em proporcionar a melhor experiência e cuidado com os pacientes e reconhece o esforço imenso que sua equipe de multiprofissionais vem fazendo com esse propósito. Esse tipo de intimidação não é mais admissível em tempos atuais, nossa solidariedade e reconhecimento pela entrega a cada profissional que atua na UPA e nossos pedidos de desculpas por não termos, enquanto direção, protegido quem estava tentando desempenhar o papel fundamental de atender e salvar vidas.Agradecemos ainda as diversas manifestações solidárias e motivadoras que recebemos ao longo desses últimos dias e reafirmamos nosso compromisso profissional, social e ético com a comunidade, com os nossos colaboradores e com o poder e bem público. Somos uma entidade (Sefas) a serviço.” – Irmã Acélia Schwengber – presidente da Sefas

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